Ministro afirma que programa de reforma agrária será lançado neste mês
Ações que promovam a redistribuição de terras improdutivas serão retomadas pelo governo federal. O anúncio foi feito por Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, no último sábado (12) em uma feira que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizou em São Paulo.
“Agora em maio, o presidente Lula vai anunciar o programa de reforma agrária. A reforma agrária vai voltar para o Brasil. Distribuir terras e recuperar terras que estejam improdutivas, destinando-as à reforma agrária”, disse Teixeira ao portal da Agência Brasil. Ele ainda acrescentou que, para estimular a formação de cooperativas e agroindústrias, o governo disponibilizará, além de crédito, assistência técnica aos assentados.
De acordo com o ministro, o MST “produz comida saudável e igualdade social” no Brasil. Ele ainda acrescentou que o País parou de colher alimentos para a população e passou a produzir commodities agrícolas, que são vendidas para outros países.
“Diminuiu a produção de arroz, feijão, mandioca, hortaliças, legumes e de frutas”, disse ele, que afirma que o MST produz alimentos que contribuem para a segurança alimentar nacional e sem o uso de agrotóxicos.
Para o ministro, o MST é muito importante na busca para diminuir a desigualdade social no Brasil e “para incluir o povo na terra, produzindo comida em um País que perdeu terras para a produção de alimentos, além de aumentar “a produção de soja e de milho”, disse o chefe da pasta ao portal. Ele ainda acrescentou que, ao mesmo tempo em que o governo federal planeja estimular os pequenos produtores agrícolas, não vai mexer com o agronegócio. “Isso é bom e não vamos mexer nisso.”
O ministro ainda criticou a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que visa investigar o movimento dos sem-terra e as invasões de terra feitas pelo MST. “Querem investigar o MST? Querem criar uma CPI para isso? Acho que vão achar coisas interessantes. Vão ver que, ali, tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxicos. Vão encontrar soja não transgênica”, contestou ele.
Paulo Teixeira referia-se a produtos produzidos pelo MST, como, por exemplo, arroz orgânico. De acordo com o Irga (Instituto Rio-grandense de Arroz), autarquia ligada à secretaria estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, o MST é o maior produtor da América Latina desse tipo de grão.
Paulo Teixeira também fez coro às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, que mantém alta a Selic, a taxa básica de juros, em 13,75% ao ano.
“Se quiser descobrir um homem que está criando uma balbúrdia, uma baderna neste País, eles vão achar o Roberto Campos Neto, que está fazendo o maior juro da face da terra e levando muitos brasileiros à extrema pobreza e à miséria”, criticou o ministro em fala ao portal.
Para rebater as críticas, feitas também por economistas e entidades, como, por exemplo, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o presidente do BC justifica a política de juros alegando que a definição da taxa não se limita à inflação. Inclui, segundo ele, “elementos que ainda requerem cautela, como a dívida bruta do governo”.